31.5.08

Poema ao sábado #6

Só na morte
ponho o zero
à esquerda
do zero

outro zero
começa


João Apolinário

24.5.08

Poema ao sábado #5

Às vezes, quando ergo a cabeça estonteada dos livros em que escrevo as contas alheias e a ausência de vida própria, sinto uma náusea física, que pode ser de me curvar, mas que transcende os números e a desilusão. A vida desgosta-me como um remédio inútil. E é então que eu sinto com visões claras como seria fácil o afastamento deste tédio se eu tivesse a simples força de o querer deveras afastar.

17.5.08

Poema ao sábado #4

"God is dead" - Nietzsche, 1882

"Nietzsche is dead" - God, 1900

10.5.08

Poema ao sábado #3

A STORY THAT COULD BE TRUE

If you were exchanged in the cradle and
your real mother died
without ever telling the story
then no one knows your name,
and somewhere in the world
your father is lost and needs you
but you are far away.

He can never find
how true you are, how ready.
when the great wind comes
and the robberies of the rain
you stand in some corner shivering.
The people who go by-
you wonder at their calm.

They miss the whisper that runs
any day in your mind,
"Who are you really wanderer?"-
and the answer you have to give
no matter how dark and cold
the world around you is:
"Maybe I'm a king."


William Stafford

3.5.08

Poema ao sábado #2

AQUELA NUVEM

- É tão bom ser nuvem,
ter um corpo leve,
e passar, passar.

- Leva-me contigo.
Quero ver Granada.
Quero ver o mar.

- Granada é longe,
o mar é distante,
não podes voar.

- Para que te serve,
ser nuvem, se não
me podes levar?

- Serve para te ver.
E passar, passar.


Eugénio de Andrade